sexta-feira, 2 de maio de 2008

Mãe sempre tem razão!

Eu costumava odiar minha mãe.
Nos meus 17/18 anos eu era um tanto quanto, digamos... Diferente.

Com 18 anos foi quando vim morar pra cá, ou seja, foram 18 anos morando na mesma cidade. Vim morar pra cá porque tinha passado no vestibular e quis sair de lá porque achava que a minha vida não tinha mais sentido.
Deixei pra trás meus amigos de uma vida toda e o "amor da minha vida". É, não era... Mas eu achava que era, sim. Tinha 26 anos, se chamava Maurício Paulo, fazia faculdade de Medicina Veterinária, morava no apartamento do meu pai e era lindo.
Quando ele vinha falar comigo era como se meus pés saíssem do chão. Eu ficava plantada na farmácia só porque eu sabia que ali eu encontrava com ele.
Ficamos algumas vezes (na minha época de 18 anos ficar era só beijar, tá. Nada além) e eu ficava babando por ele. Achava que sabia de tudo sobre a sua vida até que um dia descubro que ele tinha uma namorada na cidade dele e que "óbvio", ele iria terminar com ela, certo?
Errado.

Não terminou e eu achei que fosse o fim dos tempos. Me afastei de vez e resolvi ir embora, porque ali não tinha mais nada pra mim.

Bem que minha mãe avisou, mas eu não quis ouvir.

Ele não era lá uma boa pessoa. Na verdade não era má pessoa, mas não tínhamos interesses em comum. Ele gostava de coisas que eu não me importava e que não eram legais, mas para mim, eu o aceitaria daquele jeito.
Hoje vejo como fui estúpida e graças a Deus foi só uma coisa passageira. Coisa da idade.
Minha mãe ficava louca quando eu conversava com ele...
Ela lia minha agenda (coisa que só descobri há pouco tempo) pra ficar me controlando e eu escrevia muito sobre ela. Odiava ela achar que sabia mais do que eu!


A sorte é que prestei vestibular e passei!
Ufa!!
Cheguei e me senti muito, mas muito sozinha. Sentia muita falta de tudo, inclusive, dos meus amigos. Aqui eu não conhecia ninguém e muito menos conhecia a cidade.
No dia seguinte que nos mudamos, comecei a faculdade.
Além de tudo diferente... A faculdade!

Nossa... Eu me senti péssima.Não conhecia ninguém também e muito menos a cidade que fiz faculdade (que não é onde moro).
Aos poucos fui me enturmando e entrando (um pouco) no ritmo da vida universitária. Em 2 dias fizemos 3 mudanças até achar um bom apartamento.

Descobri aonde ficava a academia e durante algum tempo, essa foi minha vida. Casa <-> faculdade. Casa <-> academia.
Até que fui fazendo amigos... Arrumei namoradinhos e quando percebi, já não sentia falta alguma da minha antiga vida.
Eram festas da facul, eram baladas com os amigos... Nossa... Quando ligava pra Palotina sentia que não fazia mais parte daquilo. Sentia que não me encaixava mais lá. A minha vida agora era aqui.

Bem que minha mãe avisou que seria melhor eu sair de lá.
E foi!

Quando antes ela falava, eu não acreditava. Achava que ela só queria que minha vida não desse certo. Mas não era.

Hoje eu moro aqui há 8 anos, tenho 25 anos e 2 filhos. Amadureci muito desde que aqui cheguei. Não sou a melhor pessoa que você conhece, mas, sou uma boa pessoa. Não desejo mal a quase ninguém, não guardo rancores, sou educada e não sinto ódio... Gosto de quase todo mundo. Tudo o que sou hoje, agradeço à minha mãe e meu pai também. Não acho minha mãe perfeita... Aliás, está muito longe disso, e mesmo assim, me ensina. Tudo o que não gosto dela faço diferente. Hoje consigo ver com mais clareza e agora quem toma as decisões sou eu.

Meus filhos também me odiarão um dia e isso é muito estranho agora.
Eu sempre fiz tudo o que quis fazer, e apesar da revolta, sempre fui uma boa filha. Eu a xingava mas fazia o que ela me dizia porque sabia que no fundo ela tinha razão.

Um dia não vou deixar Arthur e Julia fazerem o que querem. Não vou deixar namorar quem querem (porque o(a) namorado(a) não parece ser boa pessoa), não vou deixar sair (porque tem prova no outro dia), não vou deixar ficarem no computador até tarde... E eles vão ter agendas (ou blogs) que falarão mal de mim... E eu vou ficar chateada, mas no fundo, sei que é para o próprio bem deles, e quando eles crescerem e tiverem seus próprios filhos vão dizer: mãe sempre tem razão.


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